“Os armas do meu adufe, são de pau de laranjeira. Quem quiser tocar nele, há-de ter a mão ligeira.“
Na minha tese (ver bibliografia), dedico o capítulo II à análise do processo de construção tradicional. Aí procuro resumir os métodos e materiais utilizados. Aconselho também a leitura dos anexos a entrevista a José Relvas (p.80), mestre artesão, guardião do Saber expoente máximo da construção artesanal de adufes:
“Tenho treze a catorze modelos. O 40 por 40 é o profissional. O resto é decoração e para as crianças.“
As medidas abaixo, recolhidas na oficina de José Relvas, representam um exemplo dos diferentes tamanhos de adufe existentes. As dimensões não estão padronizadas entre os artesãos e podem variar consoante o gosto de cada um ou a disponibilidade de madeira e pele. Há sempre uma lógica de aproveitar a pele ao máximo. Por exemplo, podem construir um adufe grande e com os restos outros mais pequenos.
[5,9cm de lado por 1,4cm de espessura.]
[10cm por 2,2cm][13 cm por 2,4cm]
[20 cm por 3,9cm] Já toca qualquer coisa.
[25,5 por 5cm. Armas 16,8mm de espessura.]
[30,5cm por 5cm. Espessura das armas: 20,50mm]
[35cm por 5cm, armas: 20,50mm]
[40,8cm por 6,6cm. Espessura das armas: 20,90mm]
Com José Relvas os adufes cresceram em dimensões quando comparados com os instrumentos mais antigos. Possivelmente por haver mais homens a tocar e estes terem mãos maiores para segurar o adufe. É comum haver uma procura por adufes com mais grave e com maior volume sonoro, consequentemente maiores. (Apesar desta questão não estar merecer maior atenção e discussão: o som grave do adufe depende muito da tensão correcta da pele e da técnica de execução.)
O José Relvas constrói adufes mais especiais com: 45cm de lado, 50cm, 55cm, 60cm. E, segundo recordo, o maior de todos construído pelo artesão terá cerca de 1 metro.
(Instrumentos excessivamente grandes levantam vários problemas de execução e na qualidade som, na posição tradicional das mãos, a mão forte não consegue atingir a zona de ataque correcta e onde se obtém mais graves.)

Terminologia
Adufe (nome comum), pindeiro (na zona de Malpica do Tejo).
Peles – pele de cabra ou ovelha. No passado, também se usava “samarras” (ver Luís Henrique, em Instrumentos Musicais)
Armas – estrutura de madeira ou se armam as peles; também se difundiu como “aros”. Alguns autores referem também caixilho, moldura ou armação. Do meu ponto de vista, os dois primeiros (caixilho e moldura) não estão correctos uma vez que delimitam algo. No caso do adufe, a pele envolve a estrutura estrutura e esta fica por dentro.
Maravalhas – fitas coloridas ornamentais presas nos cantos do adufe. Antigamente usavam-se restos de tecidos das roupas.
Fita colorida – fita decorativa que esconde a costura da pele, geralmente de cetim.
Caricas, guizos, pedras, sementes, pedaços de metal ou latão – soalhas interiores (termo que usei pela primeira vez em 2012 para denominar os objectos que se colocam dentro do adufe. Mais tarde, inovei colocando um elástico à volta do adufe para obter um efeito semelhante a alguns adufes e pandeiros, que tinham cordas ou arames por dentro, que vibravam em contacto com a pele e alteram o seu timbre. Neste caso com a facilidade de se poder pôr e tirar facilm
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