Nós não somos mais do que ninguém, limitamo-nos a fazer aquilo que fazemos, bem feito, porque trabalhámos muito para o fazer bem feito e com dignidade, de maneira a que quando estamos no palco estamos a representar os nossos antepassados, estamos a representar uma época, e, fazemo-lo com toda a dignidade, com a mesma dignidade com que eles nos deram esse legado e é com essa dignidade que queremos continuar a cantar.Amélia Fonseca, Adufeiras de Monsanto

Idanha-a-Nova é um dos pilares da Tradição do adufe. Praticamente, todas as freguesias têm um grupo de adufeiras ou um rancho folclórico onde os adufes estão presentes. São dos mais representativos: as Adufeiras de Monsanto, as “Modas e Adufes” de Proença-a-Velha, Rancho Folclórico de Penha Garcia e as Adufeiras de Idanha-a-Nova.

As avós tocam com as filhas e com as netas, o toque do adufe e o seu repertório está vivo. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o universo das cantigas e o toque do adufe é riquíssimo: uma adufeira de Monsanto sente, toca, move adufe e canta de forma completamente diferente de uma adufeira de Penha Garcia ou do Rosmaninhal. Da mesma forma, as cantigas e as letras das cantigas variam de aldeia para aldeia. É comum a mesma melodia receber quadras diferentes consoante o lugar onde é cantada.

O adufe acompanha o canto. Num grupo de adufeiras todas percutem o mesmo ritmo e cantam a mesma melodia, que se repete em todas as estrofes. Esta prática repetitiva remete para práticas ancestrais, como eram os rituais de fertilidade, cura ou adoração da Antiguidade. É curioso constatar que esta dimensão religiosa/espiritual está tão subtilmente presente nas romarias de adufe e na devoção a nossa Senhora, a São João, a São Pedro ou à Divina Santa Cruz.

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