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SINOPSE
Este projecto procura trazer o adufe para uma tradição musical, a da música erudita, da qual tem estado apartado.
Apesar de fazer parte do imaginário colectivo foi povo português, mesmo fora das regiões de onde é autóctone, ficou sempre circunscrito, salvo uma ou outra situação excepcional, à musica de tradição popular de onde é originário.
Se essa condição acabou por lhe conferir uma aura mítica, tem-lhe retirado também verdadeiras possibilidades de desenvolvimento e expansão enquanto instrumento em si, ou seja, tanto na técnica instrumental como na construção.
A inclusão de electrónica, em particular de electrónica-em-tempo-real, surge de forma natural na exploração e descoberta das possibilidades do adufe e no seu tratamento, dentro de uma tradição musical onde a electrónica se foi desenvolvendo desde há já um século, tendo tido grande expansão nos últimos 50 anos e sendo hoje parte activa e integrante da prática e pensamento musical erudito. Permite também criar uma ligação com a história e tradição existente do adufe, através de registos fonográficos existentes e como ligação entre dois mundos musicais, que sendo ambos música, são díspares em muitos aspectos.
Propomos assim um projecto que tendo como objectivo final a apresentação em concerto de novas peças para adufe e electrónica, engloba não só a escrita e execução pública dessas mesmas peças, mas também todo um trabalho de experimentação e pesquisa, seja em estúdio, na relação entre compositor e instrumentista, seja no contacto directo com as adufeiras e grupos de adufeiras que têm mantido vivo o adufe e a sua tradição.
Dado o carácter inédito, investigativo e de work-in-progress do projecto, o trabalho tem sido desenvolvido desde 2019, em várias residências artísticas, momentos de estúdio e concertos.
Em junho de 2022, gravámos o primeiro CD no O´Culto da Ajuda, MisoMusic Portugal, com as 5 primeiras novas peças. A ser lançado em breve.
OBJECTIVOS
Este projecto tem como principal objectivo a divulgação do Adufe como instrumento completo e pleno. Para tal, pensamos que trazer o adufe para a tradição da música erudita, em diálogo com o mundo musical do qual já faz parte, é uma contribuição fundamental. Contribuiremos desta forma para um novo e mais alargado olhar sobre o adufe, promovendo assim a discussão sobre o mesmo, que sem perder de vista as suas origens e tradições, lhe dará novos mundos e novas possibilidades.
Não se trata por isso de uma metamorfose, mas de continuar a caminhar.
Temos também como objectivo que este seja um primeiro projecto de outros que se lhe seguirão. Um primeiro projecto fundamental pois permitirá uma escuta renovada do adufe e das suas possibilidades, promovendo e suscitando assim um novo interesse em que o mundo mitológico sonhado se materializa na realidade dos nossos dias.
Pretendemos abrir o campo da performance erudita e do estudo académico de obras contemporâneas para adufe aos alunos do ensino superior de percussão de Portugal e estrangeiro, contribuindo para o aparecimento de um reportório inédito do instrumento.
O ADUFE MODERNO
“Adufe moderno” é uma expressão criado por Rui Silva (músico e artesão de adufes), para definir o seu trabalho de investigação performativa do adufe, onde procura compreender e expandir o instrumento tradicional enquanto objecto percussivo, tendo como ponto de partida técnicas, linguagens, contextos e tradições de outros frame drums.
Desde 2010 que se tem dedicado, igualmente, a estudar a Tradição do toque e das cantigas de adufe, a sua linguagem rítmica, práticas performativas, processo construtivo e contexto social actual, baseado na investigação musicológica, etnomusicológica, organológica existente e num intenso trabalho de campo nas regiões onde actualmente se podem observar as práticas acima enunciadas, sobretudo Idanha-a-Nova.
O desenvolvimento do instrumento tem sido alicerçado na investigação e experimentação de novos protótipos e na introdução de novas características, de entre as quais o sistema de afinação, que permite regular a tensão das peles do instrumento, a espessura assimétrica da estrutura, os dois lados sonoros distintos no mesmo instrumentos e a utilização de novos materiais.
Residência #2 – Miso Music Portugal, O´Culto da Ajuda, Lisboa.

Crítica ao concerto por Tiago Schwabl, no website Espaço Crítica para a Nova Música, para ler aqui.
Residência #1 – Lajes do Pico, Açores
De 4 a 7 de Abril, Rui Silva (percussionista) e Bruno Gabirro (compositor) estiveram em residência/laboratório no Auditório do Museu dos Baleeiros, marcando o início deste projecto inédito, que incide sobre a exploração contextual e performativa do adufe, instrumento de percussão tradicional portuguesa, e da electrónica.
No dia 7, houve um concerto de encerramento da residência, precedido de uma breve conversa sobre o trabalho desenvolvido, as ferramentas utilizadas e processos criativo/performativo. A performance em si assentarou sobretudo na improvisação e no diálogo entre o adufe, explorado tímbrica e sonoramente de forma tradicional e não-tradicional, e a electrónica-em-tempo-real.
Bruno Gabirro (adufe, composição)
Estudou na Academia de Amadores de Música de Lisboa, onde terminou o curso de violino com Gareguine Aroutiounian. Na mesma escola estudou viola com Barbara Friedhoff e análise e técnicas de composição com Eurico Carrapatoso.
Estudou engenharia informática e de computadores no Instituto Superior Técnico de Lisboa.
Em 2006 concluiu a licenciatura em composição na Escola Superior de Música de Lisboa e em 2008 o mestrado em composição na Royal Academy of Music em Londres. Em Londres trabalhou regularmente com Peter Maxwell Davies.
De 2003 a 2010 trabalhou regularmente com Emmanuel Nunes no âmbito dos ʻSeminários de Composição Gulbenkianʼ.
O seu trabalho tem sido regularmente apresentado em diversos países e festivais da Europa, América e Ásia, por grupos e orquestras como a Orquestra Gulbenkian, City of Birmingham Symphony Orchestra (CBSO), OrquestrUtópica, SondʼAr-te Electric Ensemble, Royal Academy Soloists e Musica Vitae Kammarorkestern.
Foi distinguido com diversos prémios e bolsas de estudo por parte da Casa da Música do Porto, Royal Television Society e Royal Academy of Music.
Foi em várias ocasiões residente artístico na Miso Music Portugal. Em 2014 foi-lhe atribuída uma residência artística em Madrid pela Casa de Velázquez, Académie de France à Madrid, e Secretaria Geral Ibero-americana.
Foi aluno bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, onde trabalhou sob orientação de Paulo de Assis.
É professor de Análise e Técnicas de Composição na Academia de Música de Óbidos e de Tecnologias do Som na Escola de Música de Nossa Senhora do Cabo.
Estuda Adufe com Rui Silva.
Rui Silva (adufe, investigação)
1984, Coimbra. Artesão de adufes, músico e professor de percussão.
Especializou-se em Percussão Histórica,
tendo sido aluno do lendário percussionista
espanhol Pedro Estevan, no Master en
Interpretación de Música Antigua – Percusion Histórica na ESMUC/UAB (Barcelona, Espanha, 2012).
Colabora regularmente a Orquestra Barroca da Casa da Música (timbales barrocos e percussão histórica), com os Sete Lágrimas Consort de Música Antiga e Contemporânea (2009-) e com Capella Sanctae Crucis, Nouvelles Musiques Anciennes du Portugal (2013-).
Nos últimos 12 anos, tem-se dedicado a estudar o adufe e a sua Tradição, desenvolvendo uma intensa investigação junto de adufeiras e artesãos da região da Idanha-a-Nova e Paúl, aprendendo, registando, transcrevendo e analisando o processo construtivo, as práticas performativas, a técnica, linguagem e contexto tradicional actual.
Paralelamente, e enquanto percussionista de formação (EPME 2002-2005; ESMAE 2005-2009), tem procurado explorar novas técnicas performativas, novas linguagens, contextos artísticos e possibilidades sonoras, assim como tem vindo a compilar e a sistematizar um inovador método de ensino de adufe. A primeira parte foi lançada em Outubro de 2022 (Método de Adufe I Parte).
Como formador, orientou mais de 100 formações de adufe para mais de 1000 participantes, foi professor de adufe convidado na Sibellius Academy (Fin.) e da Academy of Performing Arts de Tillburg (Hol.), fez comunicações em congressos e publicou artigos em revistas e publicações nacionais e internacionais, participou em programas de rádio e televisão, exposições, etc. Participa regularmente no Tamburi Mundi – Festival Internacional de Frame Drums (Freiburg, Alemanha) como músico, professor e artesão.
Em 2013 lançou a sua marca de artesão (adufes.com), alia inovação aos processos artesanais (introduziu pela primeira vez um sistema de afinação no adufe).
Vive nas Lajes do Pico (2015-), onde dá aulas de bateria/percussão.
Work-in-progress, apoios, contactos e concertos
Estamos neste momento na fase de angariação de apoios institucionais e materiais para o projecto. Para apoiar, colaborar, ter mais informações, acolher uma residência artística ou um concerto:
Bruno Gabirro – brunogabirro@gmail.com | Rui Silva – ruisilvaperc@gmail.com
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